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Foto do escritorMarcio Funchal

Projeções Mundiais do PIB para 2023 e 2024

Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Fevereiro de 2023.

Ainda no impulso do início de mais um ano, a coluna Estratégia & Gestão deste mês faz um apanhado das projeções da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para o PIB (Produto Interno Bruto) das principais economias mundiais para os anos de 2023 e 2024.


A OCDE é um fórum intergovernamental fundado em 1961 com o intuito de estimular o progresso econômico e o comércio mundial. Atualmente, representa a economia de 38 países membros (Estados Unidos, Canadá, muitas nações Europeias e outros países diversos como Japão, Eslovênia, Coréia do Sul, Chile, Colômbia e etc.). Juntos, estes países somam cerca de 65% do PIB mundial. Além destes, a OCDE conta também com 5 países convidados, chamados de parceiros estratégicos. São eles: Brasil, China, Índia, África do Sul e Indonésia.


É importante destacar que as projeções disponibilizadas consideram a evolução do PIB em termos REAIS, ou seja, já foram descontados os efeitos inflacionários de cada país. Adicionalmente, os dados aqui apresentados foram publicados pela OCDE em Novembro de 2022. Assim, é natural que algumas interpretações dos dados disponíveis à época sejam impactadas com a realidade dos dados atuais de mercado (metade do 1º trimestre de 2023).

Vamos começar as análises com dados agregados e gerais. Em termos mundiais (ver Figura 1), tivemos um crescimento médio anual do PIB de aproximadamente 3% a.a. desde 2015. Esta trajetória foi interrompida em 2020 com a crise sanitária mundial e a paralização imposta pelos Governos em diferentes intensidades em diferentes partes do globo. Este cenário resultou em uma retração do PIB mundial de 3,5%. Vencendo este colapso, projeta-se que o PIB mundial retorne a um patamar de crescimento na casa dos 2,7% a.a. ao final de 2024.


Ainda na mesma Figura 1, tem-se a trajetória do PIB dos países membros da OCDE e dos integrantes da Zona do Euro para o mesmo período avaliado. Vê-se que as trajetórias são bastante similares, porém em intensidades distintas. Para 2024, estima-se um crescimento anual de 1,4% a.a. para ambos os agrupamentos.


Contudo, pela defasagem temporal já citada no início do artigo, as projeções não consideraram a explosão de inflação que os países da Zona do Euro tem vivenciado desde o início de 2023, culminando com forte elevação das taxas de juros de vários bancos centrais da região. Este mesmo fenômeno ocorre simultaneamente em outras fortes economias mundiais que fazem parte da OCDE (Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, por exemplo). Assim, considerando o cenário atual de aumento de déficit monetário das principais economias mundiais e aumento inflacionário mundo à fora, analistas de referência recomendam prudência, pois consideram que as taxas de crescimento do PIB dessas economias devam ser bem menores do que as projetadas para os anos de 2023 e 2024.

Na Figura 2 estão disponíveis as projeções de crescimento do PIB para as principais economias sul-americanas. Em comparação com o padrão mundial, é fácil perceber evoluções do PIB bastante distintas no período a avaliado. Individualmente, as maiores amplitudes foram vislumbradas pela Argentina. Das projeções apresentadas, Argentina e Brasil certamente precisam de correções.


No caso da Argentina, a inflação atual impede qualquer possibilidade de crescimento econômico razoável (praticamente 100% de inflação em 2022, com novas medidas de congelamento de preços e manutenção artificial de juros e câmbio, dentre outras medidas), já que também as contas públicas estão com sérios problemas até mesmo para rolamento das dúvidas de curto prazo. Assim, analistas consideram atualmente que a Argentina deva apresentar retração do PIB para a sua economia para os próximos 2 anos.


No caso Brasileiro, o que temos de concreto até o momento é o novo Governo Federal planeja retomar a mesma política economia que levou o país à crise financeira em 2015: expansão do gasto público, fim das metas de inflação, controle artificial dos juros e aumento do endividamento público. Portanto, repetindo-se as premissas do passado recente do Brasil, os analistas projetam cenário ruim para a economia do país nos próximos anos (crescimento próximo a zero ou até mesmo contração da economia).

O cenário do PIB para os Norte Americanos está disponível na Figura 3. De modo geral, os 3 países destacados possuem um comportamento similar para o período, com México e Canadá apresentando situações mais dramáticas no auge da crise sanitária. Importante notar que, para 2024, os crescimentos do PIB dessas economias estarão em um patamar abaixo da média mundial. A economia norte-americana está enfrentando problemas de inflação de preços e elevação da taxa de juros. Contudo, os analistas de mercado não esperam alterações significativas nas projeções aqui destacadas, para os países citados.

A Figura 4 resume o panorama do crescimento do PIB para algumas economias Europeias. O Reino Unido apresenta as maiores amplitudes no horizonte destacado, embora a França também se destaque neste quesito. Interessante notar que as taxas de crescimento dessas economias para 2024 são muito inferiores à média mundial. Considerando os dados mais recentes da economia na região, tem-se hoje um arrefecimento de componentes inflacionários importantes (como o custo de energia e de combustíveis, com a aproximação do fim do inverno no hemisfério norte). Contudo, as contas públicas destes países se enfraqueceram ainda mais depois da crise sanitária mundial e praticamente todos os países da região precisaram aumentar fortemente suas taxas de juros (cabe lembrar que muitos dali mantiveram taxas de juros negativas por muitos anos). Assim, de acordo com analistas consultados, não será surpresa se estes crescimentos forem ligeiramente menores.

O último panorama de análises está disponível na Figura 5: economias Asiáticas. Os números mostram China e Índia com situações muito mais favoráveis do que a média mundial. Por outro lado, o Japão possivelmente deverá apresentar problemas nos próximos anos, uma vez que é praticamente o único país desenvolvido que ainda não alterou seus juros como forma de injetar saúde em sua economia interna. Os efeitos em sua economia podem ser catastróficos, fazendo com que as projeções de crescimento do PIB se reduzam ainda mais.


Outro país cuja correção da projeção é necessária é a Rússia. Como o seu plano de invasão “rápida” da Ucrânia se converteu para uma guerra longa e cara, os gastos públicos explodiram e as atenções para a saúde econômica dos demais setores produtivos do país certamente foram prejudicadas (o país sofreu inclusive embargos significativos nas principais contas de exportação)... e isso possivelmente não foi captado até a conclusão das análises da pesquisa OCDE. Portanto, os analistas projetam forte retração do PIB Russo também para 2024, podendo alcançar patamares próximos à 10% a.a.

Por fim, é importante frisar que as projeções representam uma visão padronizada do mesmo conjunto de informações dos países citados. Adicionalmente, é natural que estas projeções se modifiquem com o tempo, à medida que novas atualizações forem sendo disponibilizadas ao público, em razão das novas situações da economia global e local.


Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Fevereiro de 2023.


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