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Foto do escritorMarcio Funchal

Panorama da Produção Mundial de Celulose

Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Janeiro de 2022.

Neste artigo, o leitor encontrará um resumo da evolução da produção mundial de celulose nos últimos 20 anos. Esta commodity é produzida em praticamente todos os continentes, com diferentes escalas, avanços tecnológicos e origem de fibras. Infelizmente, dados consolidados em nível mundial só estão disponíveis até o ano 2020.


Pensando exclusivamente em celulose produzida a partir de fibras virgens (ou seja, excluindo a reciclagem), a Figura 1 mostra que o uso de fibras oriundas da madeira é predominante mundialmente, com clara indicação de aumento. A Figura 2 complementa a informação de que a fabricação de celulose com outros tipos de fibras sem origem na madeira (como bambu, por exemplo) está concentrada no continente asiático. Pela pequena importância no contexto mundial, este tipo de fibra também foi desconsiderado da presente análise.

Avaliando os números (ver Figuras 3 e 4), temos que a produção mundial de celulose de fibras virgens de madeira cresceu apenas 6% nos últimos 20 anos. Olhando em termos de localização da produção, tem havido uma clara e lenta transferência da produção do hemisfério norte para o sul, cuja participação no montante da produção mundial dobrou nos últimos 20 anos.


Essa migração tem ocorrido principalmente pelo fechamento das fábricas mais antigas e tecnologicamente defasadas do hemisfério norte, cujo custo de fabricação são maiores do que a implantação de novos e grandes projetos industriais de celulose no hemisfério sul. Vale lembrar que os maiores consumidores mundiais estão localizados no hemisfério norte, o que explica que mais de 80% da produção ainda permaneça nesta porção do globo. Quanto ao forte crescimento da produção de celulose no hemisfério sul (mais de 100% no período), isso decorre de que o crescimento partiu de uma base de produção pequena. Assim, apesar de ter dobrado nos últimos 20 anos, a participação na produção mundial ainda é proporcionalmente pequena (menos de 20%).

Desdobrando agora as análises em termos regionalizados, temos as Figuras 5 e 6 com dados específicos dos continentes localizados no Hemisfério Norte. Importante notar que, geograficamente, uma parte do continente africano também está localizada nesta parte do globo. Contudo, como a relevância da sua produção de celulose é muito pequena (menos de 0,5% da produção mundial), seus dados foram desconsiderados. Os números das referidas Figuras mostram claramente um aumento da participação do continente asiático, simultaneamente com uma redução da importância da produção do continente norte americano. Na Europa, vemos um cenário estável nestes últimos 20 anos.

Trazendo o mesmo olhar regionalizado, porém agora focando no Hemisfério Sul, temos nas Figuras 7 e 8 evidências do forte crescimento da participação da América do Sul na produção de celulose, com queda de importância das produções da Oceania e da porção sul do continente africano.

Neste contexto, é fácil perceber que o grande crescimento da produção de celulose do Hemisfério Sul se deu na América do Sul, em razão dos elevados investimentos em expansão industrial feitos no Brasil. A Figura 9 consolida este entendimento: como já citado, o crescimento mundial da produção de celulose de fibras virgens de madeira no mundo foi de 6% nos últimos 20 anos.


Contudo, a produção no Brasil aumentou quase 200% no mesmo período, enquanto que, simultaneamente, a produção somada de todos os demais países do mundo caiu 2%. Isso explica porque o Brasil representava apenas 4% da produção mundial há 20 anos, e hoje já ultrapassa a marca de 10%.

Com base nas análises, posso supor que o paradigma de migração mundial da produção de celulose do hemisfério norte para o sul é realmente verdadeiro, porém está superado. A nova realidade dos fatos já permite concluir que o paradigma atualizado é: migração da produção mundial da celulose de vários países do mundo para o Brasil, uma vez que a velocidade de migração é bem maior no segundo caso do que no primeiro. Bons ventos sopram para nosso país.


Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Janeiro de 2022.


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